O QUE REVELAM OS DOCUMENTOS OFICIAIS PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL E NO ESTADO DE SÃO PAULO
Palavras-chave:
Licenciatura, Organização do currículo, Estágio supervisionadoResumo
Esta investigação insere-se nas pesquisas no campo de formação de professores. É resultado de um estudo de doutorado em andamento e tem como principal objetivo analisar as orientações conceituais de formação profissional para a docência preconizadas nas resoluções de formação de docentes no Brasil. O artigo problematiza, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores, qual o perfil profissional de professor expresso nestes documentos para atuar na escola de educação básica? Para responder a esta questão foi empregado o método de análise documental. O corpus documental desta pesquisa compreende os seguintes documentos públicos disponíveis on-line: a) Resoluções CNE/CP nº 1/2002 e 2/2002; b) Resolução CNE/CP nº 2/2015; c) Resolução CNE/CP nº 2/2019; d) Resolução CNE/CP nº 1/2006; e) Deliberações CEE/SP n° 111/2012 e 154/2017; f) Projeto Pedagógico Político do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente. O estudo sinaliza um profundo retrocesso para a formação de professores. A Resolução CNE/CP nº 2/2019 determina a organização de um currículo padronizado em consonância com as aprendizagens prescritas na Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica, tendo como princípios norteadores a centralidade da prática. Desta forma, impõe um currículo para os cursos de licenciatura do país que afronta de forma veemente o princípio constitucional de autonomia didático-científica, administrativa e a pluralidade de concepção pedagógica das universidades brasileiras. Além disso, o distanciamento entre a universidade e a escola reverbera na realização do Estágio Supervisionado Obrigatório.
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