ENVELHECIMENTO, RESILIÊNCIA E EDUCAÇÃO: ARTICULAÇÕES PARA UMA COMPREENSÃO ECOLÓGICA DA SAÚDE

Resumo

A tendência crescente do envelhecimento populacional e longevidade a nível mundial demonstra já um impacto marcante nas sociedades modernas que, para a Organização Mundial da Saúde, deve ser discutido e objeto de ação. Embora seja um fenómeno positivo, testemunhador dos progressos da humanidade, tem repercussões práticas na vida dos indivíduos e sociedades, conflituando com a sustentabilidade dos sistemas sociais e de saúde, o bem-estar e autonomia individual e familiar, e estigmatizando frequentemente as pessoas idosas. Neste cenário de transformação global, os indivíduos confrontam-se com desafios que experienciam de forma particular e não normativa, e para os quais mobilizam recursos face a uma adaptação positiva e resiliente. O presente artigo tem como finalidade discutir paradoxos e similitudes do envelhecimento e da saúde, na procura de articulações com a resiliência e o desenvolvimento humano. O quadro teórico-metodológico mobiliza contributos da teoria bioecológica de Urie Bronfenbrenner e das perspetivas de resiliência ecológica e de desenvolvimento. A discussão parte dos compromissos globais assumidos pela Década do Envelhecimento Saudável, atendendo também ao contexto Português, onde se estima que cada vez mais pessoas idosas vivam com menor qualidade. Embora as pessoas idosas figurem na agenda internacional, carece-se de uma visão expandida sobre os seus processos de envelhecimento e de resiliência, que extrapolem visões dicotómicas de “saúde/doença”, “risco/proteção” e alcancem as interações reais que operam nos seus subsistemas. Este é também um compromisso cívico desafiador da promoção da saúde e da efetivação de direitos humanos.