FORMAÇÃO DE PROFESSORES E DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL E PROFISSIONAL EM MOÇAMBIQUE: CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.5747/ch.2023.v20.h553Palavras-chave:
Formação continuada, Desenvolvimento intelectual;, Profissionalização docente;, Humanização.Resumo
Este estudo tem por objetivo analisar a formação de professores em Moçambique e sua contribuição no pleno desenvolvimento intelectual, profissional e humano. Vários são os questionamentos que ajudam a pensar os processos formativos, porém, neste estudo partimos das seguintes questões: Como a formação de professores é concebida em Moçambique, ou seja, de que maneira esta formação se processa no país? Até que ponto a formação docente atende a necessidade do pleno desenvolvimento intelectual, profissional e a plena humanização? A formação de professores atende os interesses da classe trabalhadora e cumpre o papel social da escola? Para isso, realizamos uma pesquisa de caráter qualitativo, cuja fonte de dados foram os documentos que regem os processos de formação de professores em Moçambique (estudo documental), sem deixar de fora o levantamento bibliográfico em bancos digitais, cujas temáticas vinculam-se à pedagogia histórico-crítica, sendo esta, a teoria pedagógica que fundamenta as nossas reflexões neste estudo. Os dados indicam que, apesar de alguns avanços nesse campo, há evidências de limitações/desafios no que concerne a questão do desenvolvimento intelectual, profissional e humano. As concepções pedagógicas que dominam os processos formativos estão vinculadas às teorias pós-modernas, as chamadas teorias do “aprender a aprender”, traduzidas em modelos de formação por competências e do professor reflexivo. Este cenário, no entender da pedagogia histórico-crítica, descaracteriza o papel do professor e dificulta o cumprimento da função social da escola, já que atende os interesses do capitalismo, tornando a educação um processo utilitarista.
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